Transplantes

DOADORES DE VIDA

Coração, pulmões, rins, pâncreas, fígado, intestino delgado, córneas, pele, ossos e cartilagens. Somando todos esses órgãos, um único doador pode ajudar até 14 pessoas distintas. A união da solidariedade da população brasileira com o esforço das equipes médicas e de captação de órgãos faz do Brasil um dos países mais conceituados em transplantes, alcançando o segundo lugar mundial em números de cirurgias realizadas.

Qualquer pessoa saudável pode ser um doador de órgãos. Não há restrição ou limite de idade. O importante é manifestar sua vontade à família enquanto estiver vivo, pois somente os parentes próximos podem autorizar a doação.

É importante lembrar, também, que há uma legislação muito rigorosa que faz com que os transplantes sejam totalmente controlados e justos. Ninguém “passa na frente” por questões econômicas ou raciais. As pessoas são tratadas da mesma forma, com respeito, igualdade e muita atenção.

A córnea é uma estrutura transparente localizada na parte anterior do globo ocular, ou seja, na frente do olho, que tem função protetora e de lente. Junto com o cristalino, a córnea focaliza a luz através da pupila na retina. São as lágrimas que mantém esta região saudável.

O transplante é indicado quando a córnea perde sua transparência e/ou tem sua curvatura alterada, devido às doenças congênitas, traumas ou infecções. Na cirurgia, a córnea doente é substituída por uma nova com o objetivo de melhorar a visão do paciente.

Na maioria dos casos, a taxa de sucesso é alta. Desde 2008 houve ampliação na oferta de córneas para transplantes na região metropolitana de São Paulo o que tem permitido que os transplantes sejam realizados rapidamente, muitas vezes com data e hora previamente agendadas. Qualquer pessoa pode doar suas córneas. Mesmo assim, os familiares do doador sempre são consultados e precisam autorizar a doação. Por este motivo, se desejar ser doador, informe sua vontade aos seus familiares.

Preciso de um transplante de córnea, como devo proceder?

O paciente que possui alteração corneana (deformidade como é o caso do ceratocone ou opacidade que impede que os raios de luz cheguem até a retina) pode ser um candidato a transplante de córnea. Neste caso o paciente deve se encaminhar a algum Serviço de atenção básica de saúde e será encaminhado para o Hospital de Transplantes (via Cross).

No Hospital ele será examinado por médicos especializados que farão o diagnóstico e, em caso de indicação cirúrgica, após serem realizados os exames e avaliação pré-operatória, o paciente será inscrito na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. O paciente ficará aguardando uma córnea apropriada para o seu caso, e felizmente, nos dias atuais, a “fila” de Transplante de Córnea é mínima e este tempo é muito pequeno.

Como é realizado?

Tendo a liberação da córnea e o paciente apto para a cirurgia, o transplante será realizado com as técnicas mais modernas disponíveis. O transplante de córnea consiste em substituir a córnea doente por outra sadia, cedida por um doador de órgãos. A córnea é a parte mais superficial do olho e consiste num pequeno disco transparente, como se fosse o “vidro de um relógio”. No transplante de córnea somente a córnea é substituída. O restante do globo ocular permanece o mesmo, mantendo o mesmo cristalino, mesma retina e mesmo nervo óptico. Por isso, não há mudança de cor dos olhos após o transplante.

O transplante de medula óssea é um tratamento para algumas doenças malignas que afetam as células do sangue, como mieloma múltiplo, linfomas e leucemias. O objetivo é reconstituir as funções da medula óssea de uma pessoa doente, por células normais de uma medula óssea saudável. No transplante autólogo, a medula do próprio paciente é colhida.As células-tronco são congeladas e, posteriormente, reimplantadas novamente, no dia do transplante.

Este tipo de transplante é indicado para pacientes que necessitam de doses altas de quimioterapia para melhorar controle da sua doença O banco de doadores de medula óssea do Brasil é o terceiro maior do mundo (fica atrás dos EUA e da Alemanha, respectivamente) com cerca de 2,5 milhões de cadastrados. Entretanto, encontrar alguém compatível fora da própria família ainda é um obstáculo enfrentado pelos pacientes e, também, pelas equipes médicas – a proporção é de um caso de compatibilidade para cada 100 mil doadores.

Qualquer pessoa saudável entre 18 e 55 anos pode se cadastrar como doador de medula óssea. Em São Paulo o candidato poderá ser cadastrado no banco de sangue da Santa Casa de Misericórdia. Neste local, o doador será orientado e, após o cadastro de seus dados (nome, filiação, etnia, endereço, entre outros), fará uma coleta de sangue para realização de tipagem celular, que será analisada e arquivada no banco de doadores. O Estado de São Paulo é responsável por cerca de 25% de todos os transplantes de medula óssea realizados no país.

Preciso de um transplante de medula óssea, como devo proceder?

O Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) recebe pacientes oriundos dos ambulatórios de hematologia do HTEJZ (Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini) ou encaminhados de outros serviços (via CROSS), em sua maioria, do Estado de São Paulo. A indicação do transplante é feita pelo médico que acompanha o paciente ambulatorialmente e é ele quem entra em contato com a equipe dos médicos do TMO do hospital.

Após o contato inicial, é agendada uma consulta no ambulatório de pré-TMO onde o paciente será avaliado por uma equipe multiprofissional. Com a indicação de TMO confirmada são solicitados exames para avaliação geral do paciente que, nos casos de TMO Alogênico, serão acrescidos do exame de HLA (antígeno de histocompatibilidade), do paciente e de seus irmãos, que irá determinar qual irmão é doador compatível com o paciente. As chances de um indivíduo encontrar um doador ideal entre irmãos (mesmo pai e mesma mãe) é de 25%.

Como é realizado?

No Serviço de TMO do hospital são realizados transplantes autólogos e alogênicos aparentados (entre irmãos):

– AUTÓLOGO, quando a medula ou as células precursoras de medula óssea provém do próprio paciente,

– ALOGÊNICO, quando a medula ou as células precursoras provém de outro indivíduo, o doador. O transplante se inicia com o condicionamento, ou seja, a administração de um esquema quimioterápico intenso, que irá atacar as células doentes e destruir a própria medula do paciente.

Ao término do condicionamento, recebe a medula óssea anteriormente coletada, do próprio paciente ou de um doador, como se fosse uma transfusão de sangue. Essa medula é rica em células chamadas “progenitoras” que irão se alojar na medula óssea do paciente e irão produzir células sadias. Até a pega da medula óssea, quando se inicia a produção das células vermelhas, brancas e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Por isso, deve ser mantido internado, em regime de isolamento, por um período de 2 a 3 semanas. Após a recuperação da medula, continuará a receber tratamento em regime ambulatorial.